Placa Bacteriana
A placa dentária caracteriza-se por ser a comunidade de microrganismos encontrados na superfície de um dente como um biofilme, embutidos numa matriz de polímeros com origem entre o hospedeiro e os microorganismos. De relevância clínica é o facto de os biofilmes serem menos suscetíveis a agentes antimicrobianos e as comunidades microbianas, podem até apresentar sinergismo patogénico (patogenicidade melhorada).
A estrutura do biofilme em placas pode restringir a penetração de agentes antimicrobianos, e as bactérias que crescem nessa superfície crescem com um novo fenótipo, o que reduz a sua sensibilidade a inibidores.
O aparecimento de placa bacteriana é natural e contribui (como a microflora residente de todos os outros locais do corpo) para o desenvolvimento normal da fisiologia e das defesas do hospedeiro, podendo rapidamente transformar-se em patológica e originar desenvolvimento de doença em localizações distintas da boca, sendo já reconhecida como causadora de diversas afeções perigosas e silenciosas, desde doenças cardiovasculares, até demência, artrite reumatóide e diabetes[i].
[i] WebMd – Plaque and Your Teeth
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A placa bacteriana ou biofilme caracteriza-se por ser uma camada composta, principalmente, por resíduos alimentares, bactérias e os seus subprodutos que se forma sobre os dentes e gengivas. É a principal causa da cárie dentária e das doenças periodontais, que podem levar à perda de dentes. A placa bacteriana forma-se ao longo de uma sequência de eventos que resultam numa comunidade microbiana estruturada e funcionalmente organizada de diversas espécies[i]. O crescente conhecimento sobre os mecanismos de adesão e co-adesão bacteriana podem levar a estratégias que controlem e influenciem os padrões de formação do biofilme, já que as propriedades das superfícies colonizadoras podem ser quimicamente modificadas tornando-as menos propícias à colonização microbiana. A sua composição de espécies num local é caracterizada por um grau de estabilidade ou equilíbrio entre as espécies componentes, apesar de pressões ambientais regulares menores, por exemplo, de componentes dietéticos, higiene oral, defesas do hospedeiro, alterações diurnas no fluxo de saliva, etc. Esta estabilidade (denominada homeostase microbiana) não se deve a qualquer indiferença biológica entre os organismos residentes, mas sim, a um equilíbrio imposto por numerosas interações microbianas, incluindo exemplos tanto de sinergismo como de antagonismo[v]. Em qualquer ecossistema, a homeostase microbiana pode quebrar-se ocasionalmente devido a uma alteração substancial de um parâmetro crítico para a manutenção da estabilidade ecológica num local, resultando no crescimento de componentes anteriormente menores da comunidade. Uma consequência clínica desta situação são as patologias. Diversos estudos foram realizados de forma a determinar a composição da microbiota da placa bacteriana, especialmente, em áreas da boca que apresentam patologia, de forma a identificar as espécies diretamente implicadas em causar alterações. No entanto, a interpretação dos dados é dificultada pelo facto das doenças originadas por estes microorganismos ocorrerem em localizações que são naturalmente colonizadas por diversas espécies e pelas diversas características associadas à cariogenicidade (produção e tolerância ácida, produção de polissacáridos intra e extracelular) não serem restritas a uma única espécie. A saúde da cavidade oral está diretamente ligada à presença de diversos microorganismos que afetam o desenvolvimento de gengivite e periodontite[x]. A utilização de pastas dentífricas que utilizem óleo de ozono são uma boa opção na manutenção/promoção da saúde da boca, gengivas e dentes, especialmente, na prevenção da placa bacteriana e em doentes com periodontite e/ou outras afeções e/ou tendência a doenças odontológicas. [i] Marsh PD. Dental plaque as a microbial biofilm. Caries Res. 2004 May-Jun;38(3):204-11. doi: 10.1159/000077756. PMID: 15153690. [ii] Kolenbrander PE, Andersen RN, Kazmerak K, Palmer R, Allison D, Gibert P, Lappin-Scott H, Wilson M. Community structure and co-operation in biofilms. Cambridge University Press. 2000(59):65. [iii] Zhang Y, Lei Y, Nobbs A, Khammanivong A, Herzberg MC. Inactivation of Streptococcus gordonii SspAB alters expression of multiple adhesin genes. Infect Immun. 2005 Jun;73(6):3351-7. doi: 10.1128/IAI.73.6.3351-3357.2005. PMID: 15908361; PMCID: PMC1111841. Hasty DL, Ofek I, Courtney HS, Doyle RJ. Multiple adhesins of streptococci. 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Host defenses and microbial homeostasis: role of microbial interactions. J Dent Res. 1989;68:1567-75. [viii] Devine DA. Antimicrobial peptides in defence of the oral and respiratory tracts. Mol Immunol. 2003 Nov;40(7):431-43. doi: 10.1016/s0161-5890(03)00162-7. PMID: 14568389. [ix] Bowden GH. Microbiology of root surface caries in humans. J Dent Res. 1990 May;69(5):1205-10. doi: 10.1177/00220345900690051701. PMID: 2186069. Marsh PD. Microbiologic aspects of dental plaque and dental caries. Dent Clin North Am. 1999 Oct;43(4):599-614, v-vi. PMID: 10553246. Becker MR, Paster BJ, Leys EJ, Moeschberger ML, Kenyon SG, Galvin JL, Boches SK, Dewhirst FE, Griffen AL. Molecular analysis of bacterial species associated with childhood caries. J Clin Microbiol. 2002 Mar;40(3):1001-9. doi: 10.1128/JCM.40.3.1001-1009.2002. PMID: 11880430; PMCID: PMC120252. [x] Germano F, Bramanti E, Arcuri C, Cecchetti F, Cicciù M. Atomic force microscopy of bacteria from periodontal subgingival biofilm: Preliminary study results. Eur J Dent. 2013 Apr;7(2):152-158. doi: 10.4103/1305-7456.110155. PMID: 24883019; PMCID: PMC4023198. Fiorillo L, Cervino G, Laino L, D’Amico C, Mauceri R, Tozum TF, Gaeta M, Cicciù M. Porphyromonas gingivalis, Periodontal and Systemic Implications: A Systematic Review. Dent J (Basel). 2019 Dec 11;7(4):114. doi: 10.3390/dj7040114. PMID: 31835888; PMCID: PMC6960968. [xi] Ripari F, Cera A, Freda M, Zumbo G, Zara F, Vozza I. Tea Tree Oil versus Chlorhexidine Mouthwash in Treatment of Gingivitis: A Pilot Randomized, Double Blinded Clinical Trial. Eur J Dent. 2020 Feb;14(1):55-62. doi: 10.1055/s-0040-1703999. Epub 2020 Mar 13. PMID: 32168532; PMCID: PMC7069753. [xii] Little JW. Complementary and alternative medicine: impact on dentistry. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2004 Aug;98(2):137-45. doi: 10.1016/j.tripleo.2004.05.011. PMID: 15316539. [xiii] Ercan N, Erdemir EO, Ozkan SY, Hendek MK. The comparative effect of propolis in two different vehicles; mouthwash and chewing-gum on plaque accumulation and gingival inflammation. Eur J Dent. 2015 Apr-Jun;9(2):272-276. doi: 10.4103/1305-7456.156851. PMID: 26038663; PMCID: PMC4439859. Carvalho C, Fernandes WHC, Mouttinho TBF, Souza DM, Marcucci MC, D’Alpino PHP. Evidence-Based Studies and Perspectives of the Use of Brazilian Green and Red Propolis in Dentistry. Eur J Dent. 2019 Jul;13(3):459-465. doi: 10.1055/s-0039-1700598. Epub 2019 Dec 3. PMID: 31795009; PMCID: PMC6890504. Gnatta JR, Pinto FM, Bruna CQ, Souza RQ, Graziano KU, Silva MJ. Comparison of hand hygiene antimicrobial efficacy: Melaleuca alternifolia essential oil versus triclosan. Rev Lat Am Enfermagem. 2013 Nov-Dec;21(6):1212-9. English, Portuguese, Spanish. doi: 10.1590/0104-1169.2957.2356. PMID: 24402336. Budzyńska A, Wieckowska-Szakiel M, Sadowska B, Kalemba D, Rózalska B. 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Inicialmente, esta película assume uma consistência mole e, se não for removida nesta fase, mineralizará, tornando-se dura (designando-se de tártaro). Para remover o tártaro é necessário um conjunto de procedimentos clínicos (destartarização e outros), executados por profissionais de saúde oral.
Estas fases distintas da formação da placa bacteriana incluem:
Apesar disto, as células podem expressar múltiplos tipos de adesina[iii], de modo que mesmo que uma grande adesina seja bloqueada, outros mecanismos de fixação podem ser invocados e, embora a adesão seja necessária para a colonização, as proporções finais de uma espécie dentro de um biofilme de cultura mista, como a placa dentária, dependerá, em última análise, da capacidade de um organismo crescer e superar as células vizinhas.
Uma vez formada, a composição global da comunidade da placa é diversa, com muitas espécies a serem detetadas em locais individuais, tendo sido já identificadas mais de 600 estirpes bacterianas[iv].
Estas interações incluem reações bioquímicas convencionais, tais como, as necessárias para catabolizar glicoproteínas hospedeiras complexas e para desenvolver cadeias alimentares, mas, além disso, pode ocorrer uma sinalização mais subtil das células celulares, que pode levar a uma expressão genética coordenada dentro da comunidade microbiana, e estas estratégias de sinalização estão atualmente a ser vistas como alvos potenciais para uma nova terapêutica[vi].Perturbações da Placa Dentária
Os parâmetros significativos que regulam a homeostase na boca incluem a integridade das defesas do hospedeiro (como o fluxo de saliva) e a composição da dieta[vii]. Os indivíduos que consomem regularmente componentes dietéticos com elevado teor de açúcares fermentados têm maiores proporções de estreptococos e lactobacilos na placa, enquanto que o comprometimento da função dos neutrófilos é um fator de risco para as doenças periodontais.
Sabe-se muito menos sobre a importância de determinados peptídeos antimicrobianos na regulação da microbiota residente em locais do corpo, mas uma redução em algumas das suas atividades pode aumentar o risco de cáries. Certamente, os peptídeos antimicrobianos estão a ser reconhecidos como componentes importantes no controlo das populações microbianas na boca, embora o seu papel seja complexo porque são multifuncionais e têm mais do que uma mera ação antimicrobiana, por exemplo, interligando os braços inatos e adaptativos da resposta imunitária[viii].Placa dentária e Patologia
Na realidade, as diversas evidências mostram que as muitas estirpes de estreptococos partilham diversas características cariogénicas e o facto dos diversos microrganismos da placa bacteriana estarem em contacto físico próximo aumenta a probabilidade das interações entre todos, o que aumenta o seu potencial patogénico.
Apesar destas dificuldades, é hoje em dia possível associar um aumento das cáries a um aumento da proporção de bactérias acidogénicas e acidoúricas, especialmente, estreptococos mutagénicas (como S. mutans e S. sobrinus) e lactobacilos, que são capazes de desmineralizar o esmalte dentário[ix]. Estas bactérias conseguem metabolizar rapidamente os açúcares em ácidos, originando um pH muito baixo, o que otimiza o habitat de crescimento, proporcionando proliferação e tornando-se mais competitivas, impossibilitando o desenvolvimento de bactérias que preservam o esmalte dentário, as quais se desenvolvem em ambientes mais básicos, por serem sensíveis a ambientes ácidos.
Resumindo, a placa dentária é um biofilme composto por uma comunidade microbiana complexa e é o agente etiológico das principais doenças dentárias, tais como a cárie dentária e a doença periodontal. O quadro clínico destas doenças dentárias é o resultado da relação cruzada entre o biofilme da placa dentária patogénica e a resposta do tecido hospedeiro. No estado saudável, tanto o biofilme da placa dentária como os tecidos adjacentes mantêm um equilíbrio delicado, estabelecendo uma relação harmoniosa entre ambos. Contudo, ocorrem mudanças durante o processo da doença que transformam esta placa dentária ‘saudável’ num biofilme ‘patogénico’.Abordagem Integrativa
Relativamente a tratamentos com mais provas fundamentadas a escolha é clara na utilização de colutórios com clorohexidina, em combinação com tratamentos mecânicos e higiene oral adequada com escova suave, utilização de fio dental e raspador de língua para completar a higiene da boca[xi].
Ao longo das últimas décadas, as terapêuticas não-convencionais têm mostrado ser muito úteis e trazem à luz diversos ingredientes/combinações que têm verdadeira utilidade, tendo as opções naturais vindo a ser cada vez mais utilizadas com sucesso como alternativas a drogas farmacêuticas, especialmente, nas situações leves ou moderadas e até como coadjuvantes em tratamentos complexos[xii].
Existem diversas opções complementares, desde óleos essenciais de variadas plantas como a Mentha arvensis, Aloé vera, xilitol, propólis, Tea tree, alho, xitosano, bicarbonato de sódio, carvão ativado, nano-hidroxiapatite, peróxido de hidrogénio, pó de pedra pomes e/ou sílica hidratada[xiii]. Mas, talvez a opção mais surpreendente seja a utilização de Ozonoterapia, que se mostra promissora, eficaz e segura em diversas afeções e procedimentos de medicina dentária.
A água e os óleos ozonizados têm a capacidade de estabilizar e libertar o ozono de forma equilibrada, o que faz destes, sistemas ideais de disponibilização de ozono. Estas formas de aplicação são utilizadas isolada ou combinadamente no tratamento de doença odontológica, existindo diversas aplicações clínicas no combate de doença oral especialmente na[xiv]:
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