De todos os doentes diabéticos, cerca de 90% apresentam diabetes do tipo 2, que tende a ser progressivo caso não seja escolhida uma via terapêutica eficaz. A diabetes tipo 2 é, portanto, uma síndrome (caracterizada pela presença de múltiplas comorbidades), dificultada pela presença contínua (e cumulativa) de stress oxidativo.
É neste ponto que o potencial terapêutico do ozono tem vindo a captar muita atenção, dada a sua forte capacidade em induzir estados controlados e moderados de stress oxidativo, ao mesmo tempo em que, melhora a qualidade de vida dos doentes diabéticos[i], demonstra eficácia na cicatrização de úlceras diabéticas[ii] e apresenta o potencial de poder ser integrado nos tratamentos sistémicos da diabetes, com resultados surpreendentes e promissores[iii].
[i] Health-related quality of life in patients with chronic wounds before and after treatment with medical ozone. Medicine (Baltimore). 2018 Nov;97(48):e12505. doi: 10.1097/MD.0000000000012505.
[ii] Efficacy of comprehensive ozone therapy in diabetic foot ulcer healing. Diabetes Metab Syndr. 2019 Jan – Feb;13(1):822-825. doi: 10.1016/j.dsx.2018.11.060.
[iii] An integrated medical treatment for type-2 diabetes. Diabetes Metab Syndr. 2014 Jan-Mar;8(1):57-61.
Ver versão completa
Ozonoterapia na Diabetes
(Versão Completa)
De acordo com as mais recentes visões, a diabetes caracteriza-se por dismetabolismo e um estado de stress oxidativo crónico. De todos os doentes diabéticos, cerca de 90% apresentam diabetes do tipo 2 que tende a ser progressivo, caso não seja tomada uma via terapêutica eficaz. A diabetes tipo 2 é, portanto, uma síndrome (caracterizada pela presença de múltiplas comorbidades), dificultada pela presença contínua (e cumulativa) de stress oxidativo.
É facto que uma dieta cuidada, associada a exercício físico moderado e, claro está, medicamentos insulínicos/antidiabéticos, apresentam um papel essencial a travar a progressão da doença. O problema acontece quando o tratamento medicamentoso, que é certamente eficaz, não consegue, no entanto, normalizar os metabolismos avariados e acompanhar a disfunção bioquímica, existindo uma progressão para um estado crónico de stress oxidativo e presença de complexas lesões anátomo-patológicas em diversos órgãos.
Por outro lado, sabe-se que a utilização concomitante de antioxidantes orais é segura, mas não tão eficaz quanto o pretendido, e a longo prazo torna-se praticamente incapaz de normalizar o sistema redox, sabendo-se também que, se for possível reativar corretamente as vias de sinalização Nrf2/Keap1, é possível restabelecer o equilíbrio redox celular ao nível fisiológico e proteger eficazmente o organismo contra os danos do stress oxidativo.
É neste ponto que o potencial terapêutico do ozono tem vindo a captar muita atenção, dada a sua forte capacidade em induzir estados controlados e moderados de stress oxidativo.
A evidência científica mostrou que este é capaz de induzir a ativação da subunidade alfa do fator 1 induzível por hipóxia (HIF1a), fator nuclear de células-T ativadas (NFAT), fator nuclear eritróide 2 relacionado ao fator 2 (Nrf2) e metabolismos da proteína ativadora-1 (AP-1), e que estes são os principais mecanismos por detrás dos efeitos da ozonoterapia[i].
A ativação destes processos moleculares origina uma up-regulation dos sistemas antioxidantes endógenos e a ativação das funções imunes, bem como, a supressão de processos inflamatórios, o que é bastante importante na correção do stress oxidativo presente na diabetes.
No tratamento do pé diabético (em aplicação tópica de óleos de ozono), existem diversas evidências de que promove cicatrização, diminuição do tamanho da úlcera e do risco de infeção, bem como o seu efeito antibacteriano[ii].
Indicativos de 2018 referem que, além da observação significativa da melhora na cicatrização, a ozonoterapia demonstra um significativo impacto positivo sobre a qualidade de vida dos doentes e pode ser uma valiosa opção terapêutica dos doentes com feridas crónicas[iii]. Facto é que a ozonoterapia melhora qualidade de vida dos doentes diabéticos[iv], demonstra eficácia na cicatrização de úlceras diabéticas[v] e apresenta o potencial de poder ser integrado nos tratamentos sistémicos da diabetes com resultados surpreendentes e promissores[vi].
[i] Therapeutic relevance of ozone therapy in degenerative diseases: Focus on diabetes and spinal pain. J Cell Physiol. 2018 Apr;233(4):2705-2714. doi: 10.1002/jcp.26044.
[ii] The dual action of ozone on the skin. Br J Dermatol. 2005 Dec;153(6):1096-100.
[iii] Ozone therapy for the treatment of chronic wounds: A systematic review. Int Wound J. 2018 Aug;15(4):633-644. doi: 10.1111/iwj.12907.
[iv] Health-related quality of life in patients with chronic wounds before and after treatment with medical ozone. Medicine (Baltimore). 2018 Nov;97(48):e12505. doi: 10.1097/MD.0000000000012505.
[v] Efficacy of comprehensive ozone therapy in diabetic foot ulcer healing. Diabetes Metab Syndr. 2019 Jan – Feb;13(1):822-825. doi: 10.1016/j.dsx.2018.11.060.
[vi] An integrated medical treatment for type-2 diabetes. Diabetes Metab Syndr. 2014 Jan-Mar;8(1):57-61.